sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Trivialmente falando...

Três da tarde. Sol à pino. Céu absolutamente limpo, azul, sem uma nuvem sequer. Calor infernal. E eu sentada numa cadeira de couro, dentro de um auditório assistindo a um seminário.
O homem à frente fala, fala, fala... Sua voz densa dançava com o calor. Uma dança lúgubre. Enquanto ele falava, eu observava o ventilador de parede. O movimento que ele realizava acompanhava a voz do tal homem à frente de mais de 50 pessoas. A sala cheia, eu, atordoada. Como ele conseguia se mover com tanta voracidade num calor insuportável daqueles? E não parava. De um lado pra o outro, num movimento incessante.
Virava-se ao máximo para conseguir alcançar até o mais distante componente daquela sala. O calor tomava a todos. Causando desconforto, sono, fadiga. Ele não, menos ele. Ele permanecia incansável. De um lado pra o outro. Ele estava intacto, inatingível. Do alto de sua superioridade, ele espalhava um bafo de ar quente que tornava tudo aquilo mais angustiante ainda. Uma tortura. A todo lado o que se via eram pessoas dormindo encostadas nas outras, muitas conversando, outras olhando pra o nada, e eu, eu olhava fascinada aquele que parecia não se preocupar com nada. Um trivial ventilador. Que me deixava extasiada com seus movimentos, à medida que me embalava, e me dava sono.

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