quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"Estou há vinte anos sem beber!"

O alcoolismo é a 2ª doença que mais mata no mundo. Cerca de 2,3 milhões de pessoas morrem anualmente.
Não existe cura para a doença. Os alcoólicos precisam de acompanhamento intensivo e contínuo. Para isso, existe um grupo de apoio a essas pessoas.; o Alcoólicos Anônimos (AA) tem como principal objetivo ajudar pessoas dependentes do álcool a se livrarem do vício através de reuniões semanais e reservadas, onde os dependentes relatam suas experiências. O AA está presente em mais de 150 países. Cachoeira, situada no Recôncavo baiano, é uma das cidades do Brasil que possui o apoio de um AA.
Valter Evangelista da Silva deu um depoimento e uma breve entrevista aos alunos do segundo semestre do curso de Comunicação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na tarde do dia 15 de dezembro de 2009, na sala 22 do quarteirão Leite Alves.
Aos 79 anos, fotógrafo, casado e pai de três filhos, Valter falou de seu vício, como, quando começou e como conseguiu deixar.
Ele iniciou seu depoimento dizendo que está há 49 anos sem fuma e 20 sem beber. Ao ser questionado sobre o que o levou a beber, ele responde: ”O ambiente, as companhias, as farras com os amigos em dia de semana, as mulheres, o jogo [...]”. Ele descreve com detalhes as noitadas que levava em prostíbulos, barzinhos e casas de jogos.
Seu Valter deixa claro que o dependente não admite que precisa de ajuda. Ele não procura ajuda, mesmo com o apoio da família e dos amigos. ”... Quando chama de vagabundo, cachaceiro, ele não liga, até gosta. Mas alcoólatra não [...] Ele nunca admite que é um dependente e que precisa de ajuda. Geralmente só pedem ajuda quando estão no fundo do poço ”.
Não foi o caso de Seu Valter, que resolveu pedir ajuda quando a situação saiu de seu controle. Ou pelo menos do controle que ele achava que tinha. Recorreu ao AA de Cachoeira e, hoje, depois de 35 anos bebendo se orgulha em dizer que não sabe o que é uma gota de álcool. Nunca levou os filhos a um bar, mesmo freqüentando muitos. Tem uma vida normal como qualquer outra pessoa, exerce sua paixão que é fotografia e ainda é coordenador do AA de sua cidade, onde acompanha todos os dependentes, ajudando-os a largarem o vício, assim como ele.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Incentivo do governo ou interesse dos alunos

No Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) DE 2008. os alunos das 6 escolas públicas e privadas que oferecem ensino médio regular em Cachoeira, obtiveram a média de 45,10 numa escala de 0 a 100, inferior à média dos alunos brasileiros, que foi de 49,45.
Mas a que se deve esse déficit? O problema está nos alunos ou na educação que é oferecida no município?
Em entrevista, Alexsandro Rocha, coordenador do cursinho pré-vestibular INSIGHT e professor de sociologia e filosofia do Colégio Estadual da Cachoeira, falou sobre os problemas na educação, as dificuldades e os projetos.
Segundo ele, o problema é histórico. Os colégios públicos eram freqüentados apenas pela elite do país. Com o passar do tempo, a população de classe baixa começou a reivindicar o acesso à escolas também. Criaram-se escolas particulares, inexistentes até o início do século XX, para transferir os filhos dos poderosos da época e acolher os menos favorecidos nas escolas públicas. Desde então o nível da educação pública começou a cair gradualmente. Hoje isso se tornou um problema devido ao grande número de crianças analfabetas ou sem estudo adequado e outras tantas sem condições de, sequer, estudar.
Contudo, ele diz ainda que apesar das grandes dificuldades, algumas iniciativas tem sido tomadas para que esse quadro seja revertido. Ele dá o exemplo do curso pré-vestibular ParaTodos que o próprio colégio disponibiliza pra os alunos que não tem condições de acesso a um particular. Custeado pelo governo, ele oferece oportunidade a quem precisa.
Como coordenador do INSIGHT, informou que o cursinho recebe anualmente cerca de 250 alunos, divididos em duas turmas; uma vespertina e outra noturna. Desses, apenas 50% concluem o curso. Mas, apesar disso, os índices de aprovação são satisfatórios. Disse também que a prefeitura, através da Secretaria de Ação Social, tem um convenio com cursinho no qual são disponibilizadas 200 bolsas para alunos mais carentes.
Por fim ele faz uma ressalva quanto aos alunos e aos próprios professores. [Existem aqueles que realmente querem progredir, mas existe uma maioria que, infelizmente não dá a devida importância que a educação merece. E que no geral, devido à própria carência na educação brasileira, os alunos se acomodaram, não demonstram interesse de crescer. E isso reflete nos números.
Em contrapartida a todos os números, Alfredo Pinto da Silva Jr., estudante do 4º semestre do curso de História da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, concluiu o ensino médio aos 16 anos, e ingressou na faculdade sem nunca, sequer, fazer um cursinho. Ele associa seu desempenho ao esforço e à vontade de crescer, que segundo ele, os outros 60 colegas de sua sala não tinham.
Fica então a grande questão sem resposta: É o governo que não toma providências ou os alunos, realmente, estão cada vez mais desinteressados?