sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Contando ninguém acredita!

De repente me vi sem saber o que fazer. Como poderia estar naquela situação? Nunca havia imaginado tal despropósito. Talvez esteja um pouco implícita a situação. Mas tudo bem. Então... Na verdade o que aconteceu foi o seguinte. Meu irmão tem um amigo que é padre. Eles vieram passar o fim de semana aqui comigo, no interior de Minas. Minha melhor amiga vive, literalmente, na minha casa. Mas quando eu digo, literalmente, é literalmente mesmo. Ela toma café, almoça, vai pra escola de tarde comigo, volta direto pra minha casa, janta e muitas vezes diz que, por estar tarde, vai dormir lá em casa. Eu gosto muito dela, mas ela não entende que, como posso dizer? Não vou fazer rodeios. Inconveniente, é isso que ela é. Infelizmente, eu tenho que ser realista, e por sinal, eu sou muito realista. No dia que meu irmão chegou, ele apresentou seu amigo pra toda a família, ela já se sentia da família, foi logo passando na frente dos outros. Depois eu entendi o porquê de tanto alvoroço. Quando ela viu, aquele que não citarei nome por motivos de força maior, ela, simplesmente, voou nos seus braços, dizendo que era uma amiga muito íntima, quase uma irmã. Realmente era quase uma irmã pra mim. Pra mim, não pra o meu irmão. E não deixou mais ninguém falar. Tomou-o pelos braços, e saiu arrastando o coitadinho pela casa. Que situação...
Ninguém entendia nada. Ao entardecer, ela estava no meu quarto me esperando retornar do banho, quando entrei, ela pulou em cima de mim, quase me derrubando, esbaforida, dizendo que tinha encontrado o homem da vida dela. Nossa, a minha reação na hora foi instantânea: dei uma crise de riso. Ela ficou me olhando, sem entender nada. Eu então fui explicar pra ela que, o amigo de meu irmão, era padre, e que ela não sabia, óbvio, porque não tinha deixado, sequer, ele abrir a boca pra cumprimentar os outros. E que neste exato momento, ele devia estar na sala contando como era a rotina na paróquia de sua cidade. Ela ficou me olhando, surpresa, depois baixou a cabeça, e falou bem baixinho que este era mais um motivo. Eu perguntei: Motivo pra que? E foi ai que veio a maior surpresa. Ela disse que só podia ser um sinal de Deus. ‘Aquele’ era o homem de sua vida. E fora enviado por Deus. Eu perguntei se estava maluca! Sentindo alguma coisa, passando bem... Quem não estava entendendo mais nada era eu! Mandei ela ir pra casa. No dia seguinte fui conversar com uma professora minha, que era psicóloga. Ela disse que poderia ser uma reação imediata do cérebro, diante da situação tão absurda que ela se envolvera. Isso foi o que eu entendi, porque ela não falou assim. Disse uns termos técnicos lá, que eu não conseguia acompanhar. Mas, voltando... Saí da escola e fui até a casa da minha amiga. Ela estava escrevendo uma carta. – Quem adivinhar pra quem era a carta eu dou um doce – Eu conversei com ela. Expliquei a situação. E fiquei num fogo cruzado. Ela me implorou de joelhos pra eu entregar a carta para o padre, e não é conversa pra deixar o leitor comovido não, ela ajoelhou mesmo. Eu disse que entregaria com uma condição. Que ela esquecesse todo aquele absurdo. Ela disse que tudo bem. Voltei pra casa. Conversei com o amigo do meu irmão. Inicialmente ele ficou preocupado, depois caiu na gargalhada. No dia seguinte ele foi embora. Ficou apenas a lembrança daquele fim de semana inacreditável.

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